Igreja São Pedro           Igreja Stº. António

 

 

PENSAMENTO OU SONHO DE UM IRMÃO SOBRE A ROMARIA DE 2015

 

Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

 

Deus que é amor, logo que o queremos vem ao nosso encontro, para transformar a nossa vida com a sua misericórdia que é a máxima expressão do amor.

Nas 10 intensões de D. António de Sousa Braga, Bispo da Diocese de Angra e Ilhas dos Açores, para a Romaria de 2015, duas das quais eram alusivas às famílias. O número 5 era por todas as famílias e a número 8, pelas famílias dos irmãos romeiros, o que levou, nestes dois pontos, a uma reflexão ao longo dos dias e da noite, em que o irmão romeiro é acolhido como se sabe por famílias. É lógico que pensemos também muito nas nossas famílias e no conjunto de todos os irmãos. O pensamento desta romaria focou-se por um irmão no tema família e na família romeiros. Em primeiro e a partir do 2º dia de caminhada, ficamos com um irmão doente, aliás, dois irmãos doentes, que tiveram de serem assistidos no Centro de Saúde de Vila Franco do Campo, um dos quais teve de desistir por ordem médica e ir para Hospital em Ponta Delgada fazer exames e permanecer em repouso. Logo que os irmãos doentes chegaram ao pé do rancho o mestre deu ordem para que o mesmo permanecesse formado para que fosse feita a despedida do irmão, que ia para casa doente. Despedida essa que chocou quase todos ou senão todos os irmãos e em especial, um irmão levando-o a pensar na família romeiro. Na verdade somos mesmo uma família e esta aqui, perdia um dos seus membros. Ao chegarmos á Igreja, para a pernoita deste dia, fomos depois recolhidos. Nessa noite o irmão, depois de recolhido no quarto, deitou-se, mas pensava ou sonhava que o rancho era de 34 irmãos mais três que são a Sagrada Família. Passou-se mais um dia com pernoita em Santa Clara e o tema família foi abordado na casa onde foi acolhido. Falou-se nos filhos e em doenças na família. O romeiro pensava, eu só tenho de dar graças a Deus pela família que tenho. E assim começou às 4 horas de manhã o novo dia de caminhada em direcção às Feteiras, que era o dia do encontro das famílias. Novo sinal apareceu: O Sacerdote que celebrava a missa, vinha reforçar, ou seja, ajudar a clarificar o pensamento do irmão dizendo para as famílias se juntarem aos seus irmãos romeiros e assistir à missa juntos. Após a missa, seguiu-se o almoço de confraternização em família, seguindo-se a despedida para mais uma pernoita que, por sinal, foi em casa de uma irmã que o marido tinha falecido há pouco tempo. Aqui, mais uma família desfeita com a perda do marido, mais um sinal da família, como somos frágeis, e como Deus é misericórdia e amor, a vida não pára e a romaria também. Lá seguimos para mais um dia de jornada a louvar ao Senhor e a família sempre presente. Na pernoita desse dia o romeiro foi acolhido na casa de um irmão que tinha uma excelente casa nova e grande. Logo ao entrar, esse irmão disse aos irmãos para não se preocuparem, é só para nós os três, porque eu também vou cá ficar. O romeiro pensou: É uma casa de férias. Depois de feita a higiene, veio o jantar e o comentário do irmão dizendo que se a comida não estiver boa desculpem, pois fui eu que fiz a sopa e os acompanhamentos. Assim se foi falando e esse irmão desabafava dizendo que tinha aquela casa e a esposa não gostava de lá viver e foi morar para outro sitio mais o filho. Nisto, o irmão, foi mostrar o espaço em que estava situada a casa com grande quintal e pomar, para não falar na bela vista que a casa tinha. Voltaram para dentro de casa e, então, o irmão dizia: Mas que hei-de fazer? Ela não quer vir para cá morar, prefere morar num caixote (Apartamento). Aqui estava mais um assunto sobre a família. O romeiro nesta noite, ao deitar-se, ficou a pensar no que aquele irmão estava a sofrer com a ausência do filho e também da esposa, tendo uma linda casa nova, com uma bela vista, um lindo jardim e quintal. Para que servia ter aquilo tudo e não ter a família junta? E assim, tal era o desassossego que sentia. Pouco ou nada dormiu naquela noite. Então, pensava na família e nos romeiros. O nosso rancho de romeiros era de 34 irmãos. Já perdeu um, ficou com 33, a idade que Cristo viveu. A Sagrada Família são três, Jesus, Maria e José. E, ainda, para colmatar e reforçar ainda mais o pensamento deste irmão, na madrugada do dia seguinte e no salão da igreja onde os romeiros tomavam o pequeno-almoço, ficou a saber da morte da mãe de um irmão e avó de outro, ou seja, um tio e um sobrinho. Após a missa pelas 5 horas, e já no adro, o rancho formou novamente para mais uma triste e dolorosa despedia e, com muita dor, lá ficamos com menos estes outros dois irmãos a juntar ao que tinha desistido antes. Logo foram três. Uma vez mais aparece três como denominador comum no pensamento desta romaria. Na pernoita deste dia, mais uma vez coincidência ou não, este irmão foi recolhido, por sinal na casa de uma irmã viúva que tinha dois filhos, outra vez cá estava o denominador. Também esta noite, o irmão mal dormia e pensava, pensava e repensava e dizia: Senhor, será que três nesta Romaria é o número mágico? Então este irmão começou a pensar em coisas que talvez até então não lhe viessem ao pensamento, como: A Sagrada Família são três, Jesus Maria e José. Após o nascimento de Jesus, foram visitá-lo três Reis Magos. A Santíssima Trindade são três pessoas, o Pai o Filho e o Espírito Santo. Jesus disse: Eu destruo este Templo e construo-o em três dias. Maria disse a Jesus: Senhor se aqui estivesses meu irmão Lázaro não teria morrido. Já estava morte há três dias. No Monte Tabor, Pedro disse a Jesus, Senhor como é bom estarmos aqui. Vamos construir três tendas, uma para ti, outra para Elias e outra para Moisés. No Monte do Calvário, foram erguidas três cruzes: Uma para Jesus e as outras duas para o bom e o mau ladrão. Jesus viveu 33 anos, e ressuscitou ao terceiro dia, depois da sua morte. Quando este irmão teve todos estes pensamentos, faltavam três dias para a romaria acabar. Então, pensava para si: quem nunca na sua vida não pensou, pelo menos uma vez, em ir para um lugar isolado onde pudesse ficar sozinho e reflectir o que de bom e menos bom, tenha feito na vida? Jesus durante 40 dias isolou-se no deserto para reflectir. Vamos também aproveitar estes três dias que restam da nossa romaria para reflectir e reconciliarmo-nos cada vez mais com Jesus e Maria, porque através da intercessão de Maria obteremos a misericórdia do Senhor que é amor.

E assim fica neste pensamento ou reflecção a inquietação que este irmão viveu com o drama das famílias durante ou grande parte da romaria deste ano de 2015.

 

 

UNIDOS PELA FÉ

1

São Pedro e Santo António

São terras de povo idónio

A onde o bem se partilha

Que Durante as romarias

Vão Juntos por oito dias

Á volta da nossa Ilha

2

Como verdadeiros Cristãos

Tratam-se como irmãos

Unidos na fé e amor

Vão pelas ruas rezando

Outras vezes vão cantando

Sempre louvando ao Senhor

3

Com o rosário na mão

Na outra vai o bordão

Tudo reza tudo Canta

Velhos, Jovens e meninos

Mais parecem peregrinos

A caminho da terra Santa.

(Autor J. Borges)